Quem nunca uma vez na
vida sonhou em ser estrela de cinema? Creio que esse seja um sonho que tivemos
em comum. Temos isso em comum com Macabea, a protagonista do livro “A hora da estrela” de Clarice Lispector,
a diferença entre Maca e nós – pelo menos entre mim e ela – é que sabemos o que
significar ser realmente uma estrela de cinema, temos conhecimento disso, Macabea
,entretanto, com a sua inocência que chegava até a ser idiota, não poderia de
forma alguma imaginar o que realmente significava ser uma artista de cinema,
seu sonho na realidade era ser como a Marilyn Monroe. Pobre Maca, jamais
poderia se dar conta das coisas que Marilyn passava e jamais poderia ser como
ela, pois o narrador – que é genialmente um narrador personagem que se denomina
autor daquela história – nos confidencia que Maca, além de não ter o habito de
tomar banho com certa frequência também não gostava de ver seu próprio corpo no
espelho.
O narrador nos
conta também que além de ser muito feia e muito magra Macabea era um nordestina
datilógrafa que não tinha noção nenhuma da vida, criada pela tia no nordeste se
muda para o Rio de janeiro em busca de “ uma vida melhor” mas o que seria uma
vida melhor aos olhos de uma personagem tão ingênua e sonsa? Dividir um
quartinho pobre com outras quatros pessoas, almoçar cachorro quente todo dia e
ficar até tarde ouvindo a rádio-relógio sua maior diversão. Mas afinal, qual é
a hora da estrela de uma pessoa como Maca que se quer sabia o que era ser
feliz?
Seria durante a vida ou durante a morte?